*Biojoias*

As Sementes

AÇAÍ

Nome científico: Euterpe oleracea

Família: O açaizeiro faz parte da família das Bromeliáceas. Esta palmeira brasileira ocorre predominantemente na região Norte e é encontrada nas margens dos rios e, com menos frequência, em terrenos mais afastados e locais pantanosos. É conhecido pelos indígenas como "içá-çai", a fruta que chora.

Cultivo: Os açaizeiros são ecologicamente adequados para as condições de solo unido das várzeas do Estuário Amazônico. A palmeira pode ser utilizada para a extração do palmito (a partir da estirpe), e a produção dos frutos utilizados na fabricação do ‘vinho do açaí’ é um dos principais alimentos das populações ribeirinhas. A proliferação das espécies ocorre através de brotação por touceiras ou disseminação por sementes.

Formas e tamanhos: A palmeira do açaí apresenta folhas grandes que podem atingir até dois metros de comprimento. A palmeira atinge uma altura de 20 a 25 metros. Cachos de flores miúdas e amarelas surgem predominantemente de setembro a janeiro, podendo aparecer o ano todo.

Utilização: O caroço pode ser usado para produzir artesanato e adubo orgânico de excelente qualidade. O cacho serve para fazer uma espécie de vassoura e quando queimado produz uma fumaça que é utilizada como repelente de insetos como o carapanã e maruim. O palmito é bastante empregado no preparo de saladas, recheios e cremes e serve também como alimento para os animais. As raízes combatem hemorragia e verminoses. Por suas características microbiológicas o açaí é considerado uma das mais nutritivas frutas da Amazônia, perdendo apenas para a castanha-do-pará. Colhe-se açaí abundantemente durante todo o ano, especialmente no outono.

Confecção: As sementes de açaí são utilizadas no artesanato amazônico ou em bijuterias, após passarem por um processo de imunização contra qualquer micro organismos nelas existentes. As sementes são imersas em uma solução química por uma hora. Para colorir as sementes são utilizados corantes naturais, que dão maior coloração e não passam para a pele do usuário em hipótese alguma, nem com a transpiração. Os tamanhos das sementes de açaí variam de 0,05 mm a 0,13 mm após o processo de retiragem de sua casca. A durabilidade da semente varia de acordo com o usuário. Se a biojóia for armazenada longe da umidade, pode ter um longo ciclo de vida.

Dica: Para manter suas biojóias feitas de açaí sempre belas, não utilize nenhum produto químico para limpá-la, friccione um pano macio sobre as sementes, sempre que perceber que a mesma está perdendo o brilho viscoso de quando a adquiriu.


LÁGRIMA DE NOSSA SENHORA

Nome científico: Coix lacryma-jobi L.

Família: Das Poaceae e nativa da Índia, a planta se desenvolve melhor em lugares úmidos, por isso é bastante encontrada na Amazônia. A Lágrima de Nossa Senhora, também conhecida pelos nomes capim de contas, capim de nossa senhora e capim rosário, é utilizada no sul da China para a fabricação de esteiras e artesanatos trançados. Também são aproveitadas para a indústria da cervejaria, fornecendo a fécula opcional para diferenciar o sabor da cerveja produzida.

Cultivo: O Coix lacryma-jobi L. é considerado fácil e promissor, ante às características da própria variedade da planta, que exige abundante umidade e calor para se desenvolver satisfatoriamente. As colheitas são variáveis de ano para ano e dependem também da localidade. Sabe-se que deve ser plantado em outubro-novembro.

Formas e tamanhos: A semente é oriunda de uma planta esguia, encontra-se preparada pela natureza para ser utilizada na confecção de adornos, pois já vem naturalmente polida e perfurada. A palavra lágrima contida em seu nome vulgar tem a ver com sua forma de gota e com sua cor que aos poucos vai se tornando esbranquiçada até ficar perolada. Acredita-se que o nome lágrima de nossa senhora tenha uma explicação religiosa que se refere aos acontecimentos do velho testamento, relacionados ao sofrimento. Sua utilização e significado variam de acordo com o lugar.

Utilização: Na Amazônia é usada pelos caboclos como adorno, na cor natural branco-perolado ou tingida de vermelho, azul, verde e amarelo.

Confecção: As sementes utilizadas para a confecção de objetos artesanais geralmente pedem um grande cuidado no momento em que precisam ser polidas e perfuradas. Mas essa semente, em especial, já vem pronta, naturalmente aperfeiçoada e acabada.


JARINA

Nome científico: Phytelephas Macrocarpa

Família: A jarina, da família Arecaceae, ocorre de forma espontânea em diversas regiões tropicais do mundo. No Brasil, distribui se por toda a Região Amazônica, principalmente no sudoeste do Estado do Amazonas e nos vales dos rios Purus, Acre, Antimari, Iaco, Caeté, Maracanã e Gregório, no Estado do Acre. Seu coco é muito conhecido pela sua visível semelhança ao marfim animal dos elefantes. Mas apesar da dureza que apresenta a semente de jarina, a facilidade de se trabalhar com esse tipo de coco é que a levou ao conhecimento público com o nome de “marfim vegetal”. O nome também faz referência à resistência de seus frutos, que quando amadurecem, nem os animais conseguem quebrar a castanha.

Cultivo: É uma palmeira que possui crescimento lento, sendo encontradas plantas com mais de cem anos de idade.
Essa árvore apresenta belas frondes que brotam diretamente do chão. Por anos não se vê o tronco. Um marfim-vegetal com tronco de dois metros de altura tem pelo menos 35 a 40 anos. Logo abaixo das folhas nascem grandes aglomerados fibrosos que, em geral, pesam dez quilos e consistem em frutos lenhosos bem compactos.

Formas e tamanhos: A Jarina é uma palmeira de porte pequeno e possui aproximadamente cinco metros de altura e tem tronco rasteiro e com numerosas raízes adventícias e flores de forte perfume. Apresenta caule normalmente solitário, rasteiro ou curto, com aproximadamente dois metros de comprimento e 30 centímetros de diâmetro. Perto do chão, ela dá os frutos, que lembram pinhas e ficam meio escondidos entre galhos secos. Cada fruto chega a pesar 12 quilos. Cada fruto geralmente contém de quatro a nove sementes, mais ou menos do tamanho e formato de um ovo de galinha. De início, as cavidades das sementes contêm um líquido refrescante, parecido com água de coco. Depois, o líquido se transforma numa gelatina doce e comestível. Por fim, a gelatina amadurece e vira uma substância branca e dura, incrivelmente parecida com o marfim de origem animal.

Utilização: Na Amazônia, essa palmeira é utilizada por populações locais na construção civil, como cobertura de casas, alimentação do homem e animais, quando a polpa do fruto ainda não está amadurecida, e confecções de fibras, a exemplo das cordas. Mesmo com todas essas funções da jarina, a parte mais usada é a semente, que é empregada na confecção de ornamentos, botões, peças de joalheira, teclas de piano, pequenas estatuetas, massageadores, tarrachas de violão e vários souvenires. As sobras das jarinas são transformadas em um pó, que é exportado do Equador para os Estados Unidos e Japão, após o corte do material para a produção de botões. A jarina ou “tagua”, como é conhecida nos países de língua espanhola, já era trabalhada tradicionalmente pelos índios desde os tempos pré-colombianos, que dela retiravam a semente para a fabricação de colares. Para eles, esses adornos de marfim vegetal simbolizavam a longevidade, devido ao lento crescimento da planta. Alguns indígenas também bebiam o líquido leitoso e doce de dentro das sementes novas, e aproveitavam as folhas de jarina para fazer o chá, que servia como remédio eficaz para mordida de cobra. Ainda hoje a medicina popular utiliza a jarina para esse fim.

Confecção: A jarina é, provavelmente, a semente mais nobre da Amazônia para uso em biojóias. Sua exploração se enquadra na política de desenvolvimento sustentável, entra como um substituto adequado ao marfim animal, podendo vir a coibir o comércio desses materiais. Por ser versátil, a jarina inspira os artesãos e escultores, que fazem dela uma pequena obra de arte. As miniaturas esculpidas na jarina, que são na maioria de animais da Amazônia, formam peças minúsculas usadas como pingente. A variedade de artefatos a se criar é infinita, e aí é que entra o dom, o talento e a criatividade de cada artesão, podendo ser utilizadas inteiras ou em pedaços. A jarina tem o formato arredondado, lembrando o formato e tamanho de um ovo.


JUPATÍ

Nome científico: Raphia taedigera

Família: Jupati é o nome popular de uma palmeira da família das Arecáceas, que ocorre na região Norte do Brasil, especialmente no estado do Pará em áreas inundadas e pantanosas.

Cultivo: Tem crescimento lento e deve ser cultivada sob sol pleno, meia-sombra, sombra ou luz difusa, em solo fértil e bem drenável, irrigado regularmente. A palmeira-rápis aprecia a umidade, mas não tolera o encharcamento. Leves adubações anuais são o suficiente para plantas cultivadas em ambientes internos. Não tolera geadas, ambientes muito secos ou ar condicionado por tempo prolongado. Aprecia o clima ameno. Multiplica-se por sementes e divisão das touceiras.

Formas e tamanhos: Possui porte mediano, algumas chegando a alcançar 8 metros de altura. Possui troncos múltiplos formando touceiras.

Utilização: É largamente utilizada pelas populações ribeirinhas na confecção dos diversos objetos do dia-a-dia das mesmas, principalmente o matapí para a captura do camarão. O caráter rústico e primitivo das palhas e o aproveitamento da tala de jupatí, são destaque em peças decorativas e objetos utilitários que chamam a atenção pela criatividade, charme e elegância.

Confecção: A tala é utilizada na fabricação do matapí, parí, cestas, balaios, paneiros, armações de pipas e gaiolas para passarinhos, enquanto as fibrilas são originadas da medula, que é a parte interna do pecíolo constituída por um tecido parenquemático que envolve as fibrilas. Essas se apresentam compridas, cilíndricas, macias, amarelo-brilhantes e são usadas na confecção de chapéus, bolsas e revestimento de garrafas.